Do outro lado do mundo

A vida de um expat em MZ

quinta-feira, novembro 04, 2004

Deixo aqui umas verdades...

Artigo de Opinião - Jorge Maia in O Jogo
Há dias, Victor Fernandez dizia que a derrota com o Guimarães, a derrota que ditou o afastamento do FC Porto na Taça de Portugal, essa derrota ainda havia de ter efeitos positivos. Ainda havia de permitir à equipa concentrar-se nas restantes competições, acreditava. É mais ou menos como um médico dizer ao paciente que o tumor cerebral que lhe detectou na última ecografia é mesmo fatal, mas ainda lhe vai dar muito jeito por causa dos descontos no IRS.
Ora, os jogos com o Nacional da Madeira e com o Paris Saint-Germain provaram que, afinal, não há muitos efeitos positivos a retirar da derrota em Guimarães. O FC Porto não se consegue concentrar. Nem na Taça, nem na SuperLiga, nem na Liga dos Campeões. O que continua a haver são efeitos negativos desse jogo da Taça de Portugal. Para além de ter ficado fora da competição a meio ano da final, o FC Porto ficou sem Costinha durante os últimos dois jogos e agora vai ficar sem treinador para o clássico com o Sporting. É claro que se podia discutir até que ponto é cega a justiça aplicada pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Afinal, num jogo em que Costinha sofreu um traumatismo craniano na sequência do atropelamento de que foi vítima por parte de Flávio Meireles, no mesmo jogo em que Areias ficou com o nariz partido depois de ter sido pontapeado por Bráulio, não deixa de ser curioso que a Disciplina da FPF se aplique ao treinador e a nada menos que seis jogadores do FC Porto, tocando apenas um elemento do Guimarães. Mais ainda, não deixa de ser curioso que Costinha mereça uma multa e uma repreensão por escrito - talvez por ter atacado Flávio Meireles com uma cabeçada no joelho - e Areias uma multa - talvez por narigada no pé de Bráulio. Mas o relatório do árbitro é que conta. Ora, se o árbitro não viu razões para admoestar Flávio Meireles nem Bráulio e estava no relvado do Estádio D. Afonso Henriques, quem são os juizes do Conselho de Disciplina para o contrariarem, eles que têm que decidir na penumbra de uma subcave da rua Alexandre Herculano, número 58? Ninguém sabe. E também não se sabe muito bem como é que o FC Porto vai lidar com a ausência do treinador no jogo com o Sporting. Tanto quanto me foi dado perceber ao longo das últimas partidas, a sua presença no banco não tem feito grande diferença. Ou porque os jogadores não o ouvem, ou porque não o entendem, ou, na pior das hipóteses, porque o ouvem, entendem e pura e simplesmente não são capazes de fazer melhor do que o que se tem visto. Talvez o problema não seja Victor Fernandez. Talvez o problema sejam jogadores cansados de ganhar ou talvez o problema seja uma temporada que começou demasiado torta para se endireitar em tempo útil. Seja como for, o treinador do FC Porto vai para a bancada num jogo tão importante com é este com o Sporting. Até pode ser que a sua ausência tenha reflexos positivos, mais ou menos como a derrota em Guimarães. Quem sabe? Já houve tempos em que uma coisa assim serviria para motivar a equipa.