Do outro lado do mundo

A vida de um expat em MZ

quinta-feira, novembro 11, 2004

Olá minha gente.
Ontem foi feriado municipal em Maputo.
Ontem foi o 117º aniversário da cidade chamada de "Pérola do Indico". É um bonito nome. Infelizmente, com a mudança de nome de Lourenço Marques para Maputo, também a pérola deu lugar a esgoto a céu aberto...

Bom, mas como era feriado, a malta foi às compras à RSA, mais concretamente a Nelspruit.
Para terem uma ideia, Nelspruit está para Moçambique como Badajoz estava para Portugal à uns 30 anos atrás. Ou seja, há mais variade, a um preço muito melhor - pare terem uma ideia, é metade do que cobram em mz e 1/3 menos que em pt - e sempre se sai do 3º para o 1º mundo.
No entanto existe uma ligeira diferença entre a ida a Badajoz e a Nelspruit.
É que a caminho das compras, passamos por um rio e estão hipos a tomar uma bela banhoca, ou girrafas e zebras nas bermas da estrada. É uma sensação que mexe conosco. Mexe mesmo muito!


E agora, como num cd de Body Count, "Now Sport":

Deus nos livre do melhor por JORGE MAIA in O JOGO

Ouçam. Ouviram?
Nada, não é?
Não se ouve nada. O FC Porto ganhou ao Sporting há três dias e ainda não se ouviu uma palavra sobre o sistema. É muito raro um clássico acabar assim, tão depressa, logo que o árbitro apita para o final. Normalmente dura mais algum tempo. Normalmente as imagens televisivas são vistas e revistas, dissecadas e esmiuçadas até se conseguir espremer-lhes algum sangue para alimentar os apetites mais vorazes. Exemplos? Há pouco mais de um ano o FC Porto recebeu o Sporting e dispensou-lhe um arraial de facho mais ou menos como o de segunda-feira, vencendo por 4-1. No final do jogo, Miguel Ribeiro Telles, administrador da SAD do Sporting até fez questão de dar "os parabéns à equipa do FC Porto" e Fernando Santos, o treinador, então ainda em estado de graça, até sublinhou que o adversário "jogou melhor" e teve "todo o mérito na vitória". Mas essas foram as declarações a quente. A frio, depois de uma análise cuidada das imagens, descobriu-se uma agressão de McCarthy a Beto tão grave que foi possível reduzir o jogo a esse instante. Foi um alívio, imagino, perceber que o mais importante do jogo não tinha sido a clara superioridade do FC Porto, nem os quatro golos marcados, nem sequer a lição de táctica oferecida por José Mourinho. É sempre um alívio não ter que falar muito sobre futebol quando se perde de forma tão clara e durante semanas só se falou de McCarthy e Beto.
Ora, este ano, a arbitragem do FC Porto-Sporting não mereceu reparos. António Costa não viu uma grande penalidade de Polga sobre Quaresma numa altura em que o jogo ainda não se tinha definido. E não viu outra, talvez menos clara, de Rui Jorge sobre Derlei instantes mais tarde. E também se esqueceu de expulsar Beto mas, que diabos, errar é humano e o benefício da dúvida existe para isso mesmo. Pergunto-me durante quanto tempo se falaria de António Costa se os lances duvidosos tivessem sido ao contrário. Imagino primeiras páginas inteiras a garantir "foi penálti", imagino estudos com físicos e matemáticos capazes de demonstrar através de fómulas infalíveis que a bola estava dentro, imagino treinadores estrangeiros a assegurar que o FC Porto foi beneficiado. Mas não foi, pois não? E como não foi, o melhor é não falar mais nisso ou ainda iamos ter que pensar que o sistema não conhece o dono e isso seria uma maçada. Ainda acabávamos por ter que acreditar que desta vez, pelo menos desta vez, ganhou mesmo o melhor. Deus nos livre.