Do outro lado do mundo

A vida de um expat em MZ

terça-feira, maio 31, 2005

Constituição Europeia

Pelo pouco que li do projecto da Constituição Europeia, vejo grandes vantagens para Portugal:
- Ter um Presidente Europeu e um ministro de negócios estrangeiros europeu, é bem melhor do que ter o cenoura e o freitas;
- Dependermos do parlamento europeu é excelente, pois pode-se despedir a corja toda que assombra os corredores de são bento;
- Em termos de política económica, as vantagens são tantas que nem podem ser enumeradas. Venham os irlandeses, ingleses, alemães, polacos e afins;
- E em jeito de razão "mais do que suficiente", é impossível os políticos europeus, que passariam a mandar em Portugal, fazerem pior do que os políticos portugueses...
Viva a constituição europeia!

segunda-feira, maio 30, 2005

Advanced Diver

Os meus posts de 2ª feira, incidem, invariavelmente sobre o fds.
Como a semana é sempre a trabalhar, quase sem respirar, o fds é a única oportunidade de "laurear a pevide".
Este fds, para não fugir à regra, a ponta d'ouro foi o destino.
Posso dar a novidade em primeira-mão, já sou advanced diver. Mais concretamente, terminei os dois mergulhos que faltavam - drift e navigation.
Agora sim, já sou mergulhador "completo". Já posso mergulhar em qualquer parte do mundo, a profundidades até 40 metros. Em moçambicano: "Nice"!!!
Claro que a parte boa, foi, ter tido dois mergulhos - um no sábado e outro no domingo - com golfinhos. Muitos golfinhos. Pequenos, médios, grandes, machos, fêmeas, um monte deles. Uma delícia!
Ter um golfinho pequenino com a sua mãe, a um metro de nós e o "puto" curioso para ver "o que era aquela coisa" com máscara, fato e barbatanas é uma sensação divinal.
Tenho altas fotos e filme para vos mostrar. As fotos vão ser colocadas em posts aqui durante a semana. Os filmes, vou tentar enviar por email.
Outro ponto alto, foi a final da taça. A prova, sem qualquer margem para dúvida, que o benfica ter ganho a liga foi um "flop", um acidente de percurso. Já dá para antever quem vai ser o bobo da festa da próxima liga dos campeões...

quinta-feira, maio 26, 2005


Pinnacles e aqui o je a 38 metros Posted by Hello

Raia sexy! Posted by Hello

M�e e filho golfinho a brincarem. Olhem bem e conseguem ver o filhote de algumas semanas a saltar fora de �gua. Posted by Hello

Moreia simp�tica Posted by Hello

quarta-feira, maio 25, 2005

Refugiado

O Toneca foi nomeado comissário da ONU para os refugiados.
Foi de facto, uma escolha acertada. Porquê?
Porque o Toneca tem experiência em se refugiar. Não acreditam? Reparem:
- Ele e os seus boys lixaram Portugal entre 1995 e 2001 e o Toneca, quando viu que a coisa ia ser descoberta, refugiou-se numas eleições autárquicas e fugiu.
- Agora, Portugal está a ir pelo cano outra vez, efeitos ainda de quando ele era 1º ministro, e o Toneca refugia-se na ONU.
Isto é que é experiência para o lugar...

segunda-feira, maio 23, 2005

Domingo de Todas as Emoções

Foi um domingo alucinate.
Fiz o meu primeiro deep dive. 38,2 metros de profundidade, em Pinnacles, uma referência nos dive sites mundiais. Pinnacles é famoso pelos seus "bichos grandes". Vêem pessoas de todo o mundo só para ver as várias espécies de "big game" que passam frequentemente por aqui.
Nunca tinha ido tão fundo. Para fazer o advanced course, temos que completar cinco especialidades e o deep é uma delas. Mas ir a Pinnacles logo no primeiro deep dive é um bocadinho radical demais...
Lá chegámos a baixo. Pinnacles é um calhau pontiagudo no meio do nada. Um recife diferente. Não é longo como aqueles que estamos habituados a ver.
Primeiro, fazer contas. Uma soma debaixo de água. Porquê? Porque a 40 metros, os nossos impulsos eléctricos funcionam bem mais devagar. Logo, o tempo de reacção é mais lento e temos que contar/lidar com isso. Fiz a soma em 17 segundos. Na superfície demorei 8 segundos.
Depois das contas, lá em baixo, estavam duas moreias enormes. Escondidas debaixo de um calhau. Consegui tirar uma boa chapa, mas depois o DC - o instructor - veio buscar-me porque estava muito fundo.
Começámos a subir para os 20 metros e ai, de repente aparece uma manta enorme, tal como um pássaro, a "voar" pela água.
O "vôo" durou cerca de 30 segundos. Quando ainda estava maravilhado por ter visto aquele "monstro", aparece um tubarão martelo. Um tubarão martelo bem adulto!!! Fiquei maravilhado!!!
Ontem tive a sorte de no meu primeiro deep dive ver um martelo, a passar por cima de nós, com a luz do sol atrás dele. Foi um momento maravilhoso. Tão maravilhoso, que tinha a máquina na mão para tirar uma chapa e nem carreguei no raio do botão. Estava ali, completamente absorvido, vidrado, por aquela silhueta, aquela cor, aquele animal magnífico.
Não consigo descrever melhor o que senti naquele minuto. Como se diz: "you had to be there!"
A surfada depois também não correu nada mau. Umas ondinhas engraçadas, nada de muito grande, mas com umas paredes compridas.
Depois, de noite, voltar para Maputo e ver o slb ganhar a liga. Temos que concordar que a táctica do vieira resultou: é melhor ter uma equipa na liga do que em campo.
Deixo só aqui um pequeno texto, algo profundo:
- A infelicidade do futebol português é estar dependente do quanto o FC Porto seja capaz de baixar-se, ao invés do desejável, ou seja, do quanto os outros sejam capazes de crescer.
Bora lá ter uma semana jeitosa. VI UM MARTELO!!!!!!!!

domingo, maio 15, 2005

Desilusão

O Portugal, este domingo, pelos meus olhos, a 11500km's:
- Não há água nem para dar banho ao cão;
- Somos o 18º no ranking da UE;
- A justiça - e o seu segredo - só se podem comparar aos Dalton e ao Rantamplan;
- O famoso défice já ronda os 7%;
- Reformas como a Lei do Arrendamento são guardadas na gaveta e elefantes brancos como o aeroporto do ribatejo são tirados da gaveta;
- A API – Agência Portuguesa para o Investimento, um modelo para o país, é avaliada negativamente;
- Todos os institutos, ministérios, delegações, secções e afins da função pública, têm avaliações internas positivas;
- Somos um país com "líderes" - na política e em muitas empresas - formados pelas "passagens administrativas universitárias do pós 25 de abril";
- A "extrema esquerda urbana" - uns idiotas que só tem uma ideia de jeito - ganha cada vez mais peso. Só tem 5% mas falam como se tivessem 50%;
- O fisco tenta caçar quem mete medicamentos de 19% nos isentos, mas perdoa uns quantos biliões aos clubes e a alguns dos nossos honestos e exemplares empresários;
- O benfica ganha a liga.
É arrepiante…

Numa nota positiva, o amigo Aznar, ex-pm de uma nação bem mais desenvolvida que a nossa, um senhor tão odiado pela esquerda portuguesa, dá-nos uma lição de estratégia, somente comparável com a lição que D. João I deu aos castelhanos na batalha de Aljubarrota.
Na sua entrevista à rtp, foi tão linear como a táctica do quadrado, quando disse: "só há uma maneira de resolver o problema das reformas: é fazê-las!"

segunda-feira, maio 09, 2005

Emigrem, dizem eles

O empobrecimento garantido por Luís Todo Bom

O diagnóstico sobre a evolução da economia portuguesa nos últimos anos foi já efectuado por vários especialistas nacionais e estrangeiros existindo um consenso alargado sobre a evolução negativa da grande maioria dos indicadores, ou seja, a situação económica e financeira do nosso país tem vindo a deteriorar-se progressiva e persistentemente.

Esta análise tem sido detalhada nas variáveis e áreas de intervenção mais significativas – produtividade, competitividade, balança comercial, endividamento do país e do Estado, deficit público, ineficiências sectoriais,... – com a apresentação das causas e algumas propostas de soluções.

Tem-se, assim, adoptado uma aproximação analítica para um problema sistémico complexo o que constituí um erro teórico básico, como rapidamente reconhece qualquer estudioso de estratégia ou de teoria dos sistemas. Mas tem-se ainda perdido «focus» neste diagnóstico, o que impede a definição das prioridades a seguir nas propostas de caminho a percorrer no futuro.

Proponho-me, assim, resumir a minha visão do diagnóstico sobre a economia portuguesa, unicamente a duas questões globais permitindo uma focagem adequada a partir das quais se propõem, também, duas acções prioritárias para o futuro.

De acordo com esta aproximação, considero que os dois fenómenos integrados mais significativos que definem a situação económica do nosso país nos últimos anos são os seguintes: um empobrecimento lento, gradual e persistente do país e do seu povo que ocorreu simultaneamente com um aumento progressivo, lento e gradual de intervenção pública e administrativa na vida dos cidadãos e das empresas. Estes dois fenómenos estão interligados e suportam-se mutuamente, o que torna ainda mais obvia a inutilidade de uma aproximação analítica.

Nos últimos anos, o produto tem-se mantido praticamente estagnado, ou seja com taxas percentuais de crescimento médias próximas de zero, o endividamento do país, do Estado e das famílias tem aumentado gradualmente, as exportações perdem margem e valor acrescentado, também lentamente, o deficit do Estado mantém-se elevado e o «rating» da República mantém a sua tendência lenta de deterioração.

O drama destes processos lentos é que são aceites, absorvidos e interiorizados como um mal menor. Não provocam reacções de mudança. Têm todos os condimentos para continuar.

Simultaneamente, o Estado alarga a sua intervenção como um manto administrativo que vai cobrindo todo o país. Mais Institutos, mais Empresas, mais funcionários – a nível central e local – mais formulários, mais autorizações, mais regulação e regulamentação, mais subcontratos, mais aquisição de serviços, mais burocracia.

O emprego é mantido artificialmente, a iniciativa é cada vez menor por força das dificuldades que se criam às empresas. A resposta é a resignação. Aceitando um país cada vez mais pobre, mais administrativo, mais burocrata, mais público.

A saída deste estado de espírito de aceitação (podia ser pior!) e de resignação (sempre foi assim!) é muito difícil.

A resposta deve residir também em duas prioridades que dão resposta a este diagnóstico focado: Concentrar as energias nacionais na criação de riqueza e na diminuição do peso e intervenção do Estado.

Este projecto nacional exigiria a criação de condições para que as empresas nacionais prosperassem e as empresas internacionais investissem no nosso país, reduzindo o papel do Estado à prestação de serviços onde é indispensável e às acções de soberania.

Contemplaria, assim, um programa acelerado de reestruturações sectoriais e de privatizações, a extinção de algumas dezenas de Direcções Gerais Centrais, a extinção ou privatização de dezenas de empresas municipais, a concentração dos apoios ao incremento da incorporação de tecnologia pelas empresas, pelo lado da procura, forçando, assim, a orientação da oferta e a selecção das empresas exportadoras como únicos destinatários dos incentivos ao desenvolvimento empresarial.

Este caminho, muito difícil e exigente, significaria a inversão completa do que se tem feito até hoje, o que só seria possível de ocorrer se houvesse um grande movimento nacional a favor da mudança. O que não vai acontecer porque, ano após ano, vamos assimilando a lenta degradação da nossa qualidade de vida e a lenta invasão dos serviços públicos na nossa vida individual e empresarial.

Assim sendo, a actual tendência prosseguirá. E o resultado da projecção desta tendência é fácil de estimar: dentro de 10 anos, seremos o 25º país da Europa dos 25, sendo hoje, já, o 18º. E é pena, porque existe, de facto, um caminho alternativo.